Designer de personagens de JoJo's Bizarre Adventure fala sobre decepção com a indústria de animes

Ainda há pessoas trabalhando na indústria que precisam da ajuda financeira dos pais

Em meio a algumas polêmicas que estão acontecendo no Japão no momento (em relação a indústria de animes), funcionários da área estão discutindo e falando sobre seus sentimentos e pensamentos nas mídias sociais. Terumi Nishii, designer de personagens de JoJo's Bizarre Adventure: Diamond Is Unbreakable e Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya, compartilhou seus pensamentos (em inglês) no seu Twitter pessoal na segunda-feira. Inclusive alertando às pessoas sobre o que esperam ao entrar na indústria de animes devido às más condições de trabalho.

  

"Não importa o quanto você gosta de animes, não é aconselhável vir ao Japão para participar deste tipo de trabalho,  porque a indústria de animação é geralmente sobrecarregada de trabalho."



Nishii disse que está desapontada com a indústria de animes e também falou que não há royalties ou participação nos lucros para designer de personagens após seus projetos. Ela atribuiu isso à cultura japonesa. Ela inclusive recomendou que animadores japoneses procurem trabalho em companhias estrangeiras. 

 

"A animação japonesa é mantida apenas pelos sentimentos de que os criadores gostam de animes. No entanto, com o aumento de obras nos últimos anos, algumas pessoas acabaram com problemas físicos e mentais."



A desginer também falou que muitos animadores vivem com ajuda de custo de seus próprios pais.

 

"O ambiente é muito difícil para novatos. Praticamente não há sistema de trabalho para funcionários.  No entanto, não há hora de ir dormir.  Muita gente trabalha por muito tempo e ganha 80 mil ienes*. E vários ainda recebem ajuda dos pais. Fazem animações usando o dinheiro dos pais dos criadores."

*80 mil ienes é cerca de 2700 reais.



A organização sem fins lucrativos AEYAC fez uma pesquisa em 2017, conseguindo o resultado de que mais de metade dos animadores recebe assistência financeira da família, além do salário. A média de idade das pessoas que responderam a pesquisa era de mais ou menos 23 anos, com aproximadamente 1 ano e 5 meses de experiência de trabalho na indústria. A maioria não vivia na casa dos pais, mas ainda recebia dinheiro deles. Alguns também estavam endividados devido a financiamentos estudantis.

 

O primeiro salário de Nishii foi de 2800 ienes (98 reais). Após um ano de trabalho, seu salário aumentou de 60 mil para 100 mil ienes por mês (2100 - 3500 reais). 

 

"O salário mínimo de Tóquio é 985 ienes por hora (34 reais) por hora, mas as coisas não são bem assim. Muitos dependem do dinheiro dos pais", disse. Ela também criticou a concepção que existe lá de que animadores amam seu trabalho, e que por isso não deveriam reclamar de salários baixos.

 

A artista falou um pouco mais como se sente sobre o futuro: "Acho que temos que mudar de gerações. Para fazer isso, acho que precisamos trabalhar com pessoal estrangeiro. Esperamos que chegue o dia em que nossos trabalhadores da área criativa sejam valorizados como merecem."

 

A Japan Animation Creators Association (JaniCA) soltou um relatório sobre as atuais condições de trabalho dos animadores, o que revelou que os jovens continuam a enfrentar condições de trabalho mais duras na indústria dos animes, bem como as condições aparentaram melhorar para os mais velhos.  Jovens entre 20 e 24 anos seguem mal remunerados. Sua renda média anual é de 55 mil reais, que é 34 mil reais anuais a menos do que a média para este grupo etário, de acordo com a Agência Nacional de Impostos.

 

 

Fonte: Twitter da Terumi Nishii via ANN

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